Consultoria de Impacto

O que é ter QI hoje?

Dão crias as reportagens sobre tecnologia e inteligência. A maioria diz que a era digital estimula criatividade e aumenta QI. Correto, desde que se altere o entendimento sobre inteligência...
A era digital traz o imediato, o instantâneo. A ciência lança, dissemina sistemas inteligentes que entram, operam e funcionam com mínima ou nenhuma interferência do homem. Dia-noite-noite-dia desce na sociedade avalanche de informações. A banda Capital Inicial, na música Não olhe pra trás, canta: "Inteligência ficou cega de tanta informação". É uma era que dificulta o raciocínio, a imaginação, que impede a circulação dos três combustíveis da inteligência: leitura, escrita e diálogo. É raro alguém optar por ler um livro ao invés de sair para badalar; diálogos acontecem por frases, trocam-se assuntos sem terminar o último, o penúltimo... escrever? Basta a pergunta: "Quantos textos você escreveu recentemente?" (não valem os esquálidos de internet).
Até que se adote novo conceito para a inteligência (Emocional? Artificial? Organizacional? Interpessoal?), gerações daqui para frente prevalecerão na Era do Emburrecimento. Já gerações anteriores entram na Era do Atrofiamento - mal exercitam a inteligência plantada e regada pela leitura, escrita e diálogo.
A gama de soluções precisas e velozes oferecidas pela tecnologia digital inibe a inteligência, dissolve a intuição, a memória. Quase as deixa sem função. Daí, a absurda demora das gerações para se expressar, narrar fatos, desenvolver passo a passo idéias ou planos, atingir estágios de reflexão e, obviamente, para pensar estruturalmente uma empresa ou fazer provas orais e redacionais nas escolas.
Curiosidade, investigação, espírito crítico, sensibilidade aguçada, energia na interpretação, por aí vai, é difícil sacudir elementos da inteligência no universo do "tudo pronto". A tecnologia não possibilita erros, ela acusa, impõe correção na hora. O "tudo pronto e vigiado" corta erros que poderiam transbordar em gloriosos acertos, a exemplo de muitas invenções que marcam a humanidade; corta impulsos que invadiriam o terreno da especulação, divagação, do frenesi criativo. Essa ditadura asfixia a criatividade.
Nunca o homem teve tamanha riqueza de informações e imagens à disposição, igualmente nunca teve enquadramento tão inibidor: "É só puxar na internet"; "O programa mostra como você faz"; "Basta ler instruções e deixar tudo numa pasta".
As máquinas decidem e ultrapassam o homem. Pais ficam orgulhosos diante da "inteligência" das crianças e adolescentes, porém, na verdade, nada mais fazem do que reproduzir idéias formatadas nos computadores e mídia. Marco memorável foi a vitória do Deep Blue contra o Campeão Mundial de Xadrez Gary Kasparov, em 1997. Assombroso ver o russo derrotado em partida contra o programa de computador.
A tecnologia robótica e outros sistemas inteligentes se espalham. No Financial Times, foi publicada reportagem sobre exposição de robôs no Museu de Londres. No término da leitura, a pessoa se sente burra diante do que a sua espécie criou. A multitevê e o ilimitado celular são estrelas da primeira década do milênio, unem todos conteúdos, são interativos no atendimento aos telespectadores e usuários. Magistral performance do entretenimento, dos negócios e do consumo; lamentável promoção da obesidade, violência e padronização comportamental.
Nas empresas foi aberto fosso entre a geração que encontra barreiras para replanejar sob a pressão digital (antes-90) e a geração que não consegue passar das soluções pontuais para as estruturais; nas escolas, o fosso fica entre a pedagogia ainda baseada na leitura-escrita-diálogo e a geração dos atalhos e reproduções digitais.
A inteligência no conceito original hiberna, e fica a pergunta: o que é ter QI hoje?

José Renato de Miranda
rdemiranda@consultoriadeimpacto.com.br 
www.consultoriadeimpacto.com.br / www.empresafamiliarconsultoria.com.br

 

 

 

 






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